quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A CRISE DE IDENTIDADE DA IGREJA PÓS – MODERNA

Começo esse texto com o trecho de um famoso texto bíblico: E não sede conformados com este mundo (Rm 12.2a). A palavra “mundo” citado nesse texto, encontra-se no texto como “aioni” que é derivado de “aion” que no presente texto tem o significado de “período de tempo”, “idade” e “geração”, isto é, implica ao sistema em que tem vivido o presente tempo. Diante disso, quando Paulo fala para não se conformar com este mundo, ele se refere que não se deve conformar-se com o presente tempo em que o mundo tem vivido.

Com isso mente, acredito que a crise que a igreja tem passado nos tempos pós-moderno é porque a mesma tem se conformado com ele, ou seja, ela tem se adaptado ao seu estilo de vida, se adequado ao seu modo de pensar e se configurado aos seus padrões, princípios e valores. Sendo assim a igreja tem se ajuntado aos fundamentos inexistentes da pós-modernidade, trazendo para o seu âmago a verdade relativa, dessa forma destronando os princípios inabaláveis da fé cristã, que são suas doutrinas e dogmas. Além disso, tem que engolir o individualismo desse tempo, aceitando sua ideologia, onde as pessoas pensam que não prestam mais contas de suas atitudes para a comunidade em que vivem, colocando essa forma de pensar em cima do que a bíblia ensina sobre a comunhão dos santos. Sabe-se que o príncipe desse tempo é o diabo (Ef 2.2), o qual tem utilizado o seu reino para acabar com a igreja de Cristo, todavia, existe uma promessa para a igreja quando ela se posicionar e atacar, essa promessa é que “as portas do inferno não se prevalecerão contra ela (Mt 16.18)”, isto é, se a igreja de Cristo começar a avançar contra as ideologias e ensinamentos pós-modernos, apregoando as suas bases de fé e assim, também vivendo-as, os pós-modernismo não trazerá mais as crises que tem trazido (deve-se atacar os seus pressupostos errôneos, porém, o que estiver de correto nele, deve ser usado para contextualizar a mensagem da salvação, como já tem feito alguns).

Durante os tempos históricos vemos que a igreja passa pelas crises, mas sempre surgem grupos (remanescentes) que lutam para a mesma vencer tais crises. Exemplifico com os movimentos pré-reformistas. Como já é sabível, na época da idade medieval a Igreja Católica Apostólica Romana tinha abandonado muitos princípios bíblicos e lançado a mão para práticas pagãs e antibíblicas, além disso, estava havendo imoralidade de alguns pontífices. Em meio dessas situações caóticas surgiram movimentos como os Valdenses (condenando o purgatório e as indulgencies), os Catáros/Albigenses (buscando uma pureza espiritual, sendo que partiram para certo radicalismo), os Petrobrussianos (rejeitavam a missa e apregoavam sobre o matrimônio dos padres), os Lolardos que foram seguidores de John Wycliffe (pregou sobre a suprema autoridade das escrituras, a igreja como verdadeira e o conjunto de eleitos, e o questionamento do papado e da transubstanciação), outros que foram influenciados por essas idéias foram os Hussitas (seguidores de John Huss) e os Taboritas. Todos esses grupos citados colaboraram para que viesse ocorrer um avanço da igreja de Cristo sobre os caos que estavam vivendo, que foi a Reforma Protestante, liderada pelo monge Martinho Lutero. Ninguém imaginava que o romanismo pudesse ser vencido com suas práticas que viam das potestades do ar, contudo quando a verdadeira igreja de Cristo se levantou e lutou pelo que é correto “as portas do inferno não prevalecerão”.

Portanto, se a igreja de Cristo quer vencer essa crise que o pós-modernismo tem trazido de uma forma global, ou seja, atingido a maior porcentagem da cultura mundial, ela tem que seguir o imperativo principal do texto de Mt 28.19 “fazei que todas as nações se tornem discípulos (BDJ)”, sabendo que “nações” nesse texto tem a conotação de “tribos”, “raças”, “povos” e “línguas”, em suma, “grupo de pessoas”. Isto é, deve ensinar e influenciar a cultura global em sua diversidade tribal a viver conforme a cosmovisão/metanarrativa bíblica, ou seja, mostrar através da globalização a forma como a igreja enxerga o mundo e como se deve viver nele, discursando o fundamento universal e a estrutura da vida segundo o conceito das Escrituras. Desta forma usando o contexto como ferramenta e lutando para que as ideologias pós-modernas não entrem na igreja, porém que as doutrinas cristãs entrem no mundo, pois se assim não for, a tendência é piorar, como escreveu Darrow L. Miller: se a igreja não discipular as nações, as nações discipularam a igreja. Modificando-se para o conceito que esse artigo esta propondo fica assim: se a igreja não discipular o pós-modernismo, o pós-modernismo discipulará a igreja. Algo que já está sobrevindo…
Maurício Montagnero