INTRODUÇÃO.
O que é ser teólogo moderno/liberal? O que é o tal modernismo/liberalismo teológico? Como podemos identificá-lo? Que conseqüência tem para a teologia? Quais suas conseqüências para uma vida pietista e com a espiritualidade da igreja? Confesso que quando ouvia falar sobre teologia moderna/liberal, taís perguntas invadiam minha mente, e deixava-me estarrecido por não ter respostas para as mesmas.
Só posso dizer nessa introdução que essa teologia é um perigo para a vida de um cristão, como para igrejas e seminários. Podemos confirma isso através do século passado. Ela não é totalmente destrutiva, porém, seus 90% de ensinamentos acabam com a veracidade da fé cristã. Usando uma palavra mais forte, diria que o modernismo/liberalismo teológico “estripa” a genuína fé das pessoas.
Só para facilitar a leitura, estarei usando a forma que é mais conhecida essa teologia, ou seja, teologia liberal. Todavia, para entendermos essa teologia precisamos ver o pano de fundo de sua nascente, que foi o iluminismo.
ILUMINISMO.
O Iluminismo foi o legado do modernismo que originou um movimento intelectual feito por pensadores filosóficos que ocorreu no final do século XVII e no século XVIII, que destacava a soberania da razão humana. Foi um tempo em que tiraram Deus do centro para colocar o homem com sua razão. Nessa época eles só procuravam entender o quê era possível para a razão humana, e tudo que não fosse racional era colocado de lado. Portanto, todas as suposições metafísicas religiosas eram abomináveis para eles, pois era tudo irracional.
Esse período da história moderna tinha seus maiores pensadores na Alemanha e Holanda. Especialmente era fundamentado no racionalismo e no anti-sobrenaturalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e, também, no empirismo de Locke, Berkeley e Hume. Não posso esquecer-me de Lessing, que dizia que é impossível a aceitação das verdades históricas do cristianismo; é bom guardamos esse conceito dele, pois veremos que os teólogos usaram essa teoria mais tarde. Quando Kant (maior pensador deste período) escreveu sobre a crítica da razão pura, fez com que o racionalismo ganhasse mais espaço, e que o sobrenaturalismo decaísse. Nessa obra fala que o saber do cientificismo genuíno é possível, porém, é um saber da realidade do “fenômeno”. Ou seja, a realidade é como se apresenta a nós e não a realidade em si. O que o homem pode conhecer sempre será manifestado pelo espaço e pelo tempo da mente humana e das categorias providos pelo mesmo entendimento, como a causalidade e substância. A única fé que pode ter é a fé moral e racional. Vamos vê uma declaração de Kant sobre “A religião nos limites da simples razão (1.783)”:
“A elevação do homem de um estado auto-infligido de inferioridade. Um inferior é alguém incapaz de usar seu conhecimento sem a ajuda de outro [...] Ter a coragem de usar seu conhecimento é então o homem do Iluminismo (Douglas, p. 345 v. Racionalismo).” 1
Como eu já escrevi o Iluminismo sempre enfatizou a razão e independência de suposições metafísicas religiosas. Só podemos chegar à verdade quando obtivê-la pelo racional e pela observação empírica. Esse movimento foi dominado pelo o anti-sobrenaturalismo. E como resultado teve o pluralismo religioso que é a existência de várias opções religiosas e verdades sobre religião, evitando julgar a religião mais verdadeira, ou superior (relativismo religioso). Através dessa época surgiu o deísmo, o
qual pressupõe que Deus criou o mundo, porém, não se interage e nem sustenta ele. Com isso, também, nasceu à crítica bíblica e a rejeição da revelação divina, pois o deísmo falava sobre uma religião natural, como pressuposto o racional. E através disso veio a nascer o Agnosticismo, Ateísmo e Ceticismo. Vamos vê rapidamente o significado de cada um:
Ø Agnosticismo: Essa corrente não crê em Deus (Ateísmo), todavia, não O nega (Teísmo). Eles declaram que é impossível resolver a questão da existência de Deus, e com isso evitam o juízo de valores.
Ø Ateísmo: Ao contrário do Agnosticismo, esse afirma 100% à inexistência de Deus.
Ø Ceticismo: Ele nega o saber humano completo e genuíno. Falam que não tem possibilidade de conhecimento do mundo exterior. São totalmente críticos a qualquer suposição metafísica.
Com essa enfatização da razão e da religião natural, dizendo que não há conhecimento completo de um transcendente, a teologia cristã foi influenciada e conseqüentemente alcançada por essas idealizações filosóficas iluminista. Fazendo assim que nascesse a teologia moderna, mais conhecida como teologia liberal. E essa é nossa preocupação nesse presente estudo, que estaremos a salientar no próximo tópico.
Só para deixar de passagem, o iluminismo foi mais do quê estou escrevendo, como as reações contra as autoridades políticas e o avanço dos conhecimentos científicos. Em países como a França o iluminismo foi anticlerical e de orientação política; e o Iluminismo Britânico desenvolveu um país onde já havia estabelecido uma monarquia liberal. Contudo, devemos ter idéia de que o iluminismo que aqui estamos vendo é o que ocorreu na Alemanha e Holanda, esses países que se preocupavam com o debate intelectual sobre a metafísica e a religião, que atingiu a teologia cristã.
A ORIGEM DA TEOLOGIA MODERNA/LIBERAL.
Ao acontecer o evento iluminista, fez com que seus pressupostos alcançassem a teologia cristã, dando origem à teologia moderna/liberal no final do século XVIII e no século XIX. Fazendo que seus legados continuem até nos dias de hoje. Essa teologia nascera no protestantismo, todavia, hoje ela é mais influente no meio católico apostólico romano.
Sempre a alguém que origina uma corrente teológica, e essa foi criada pelo alemão
Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher (1768-1834). Esse homem negava a autoridade e os milagres de Jesus, o Cristo que estavam escrito na bíblia. Ele acreditava que a religião era auto-suficiente quando o sentimento humano mostrava, por exemplo, a comunhão com Deus era feito quando o individuo sente que está se relacionando com o Divino, e assim se torna salvo, mesmo que não creia no evangelho de Cristo. Para ele a bíblia não poderia ser tratada como uma narrativa de interveções divinas, ou como uma coletânea de pronuciamentos divinos. Ela era uma obra de experiência religiosa. Logo, não era preciso levar a escritura a sério em seus detalhes mais pequenos. Assim ele acreditava que as experiências religiosas era o centro da essência da religião. E a essência da religião encontra-se “no nosso senso da dependência absoluta”. Ou seja, na nossa comunhão com Deus, é que encontramos a religião pura, e não na confiabilidade da escritura. Vamos vê algumas palavras dele:
“O elemento comum nas expressões da piedade, por mais diversas que sejam... é este: a consciência de ser totalmente dependente ou de estar em relacionamento com Deus, o que é a mesma coisa”. 2
Com este pensamento ela elaborava novamente todas as doutrinas cristãs. E ele reinterpretou o pecado, dizendo que não é uma trangressão com a moral que deve ter, como a bíblia ensina, mas, sim, é a falta de busca da dependência com o Sagrado e o almejo pela liberdade. A redenção só ocorrerá se esse senso de dependência for restaurado. Agora chegamos no tocante da questão, a sua elaboração sobre quem era Cristo. Ele negava o Cristo ensinado pela teologia histórica com seus concilios cirstológicos, em outras palavras, ele negava a deidade de Cristo. Ensinava que Cristo era um homem que buscou o senso da dependência absoluta com o Divino, ou seja, buscou a comunhão com Deus, e essa comunhão foi tão intensa que poderia dizer que Deus habitava nele. Vamos ver o que ele escveve:
“O redentor, portanto, é como todos os homens em virtude da identidade da natureza humana, mas distinto de todos
eles pela potencialidade constante da
sua consciência de Deus, que era uma
verdadeira existência de Deus dentro dele” 3
Tendo essa idéia de Cristo ele diz que a obra redentora de Cristo, é a inspiração que ele dá através de sua vida, dos homens se relacionarem e procurarem a comunhão com Deus. Já que ele não acredita em Cristo como Deus, logo, não aceita a trindade como verdade. Ele declara que essa doutrina é a amarração da doutrina cristã. Portanto, ele dispensa essa doutrina e adota consigo o utilitarismo. Como ele definiria então as três pessoas da trindade que ele não acredita? Deus para ele é existente pois o homem busca o senso de dependência absoluta com Ele. Jesus é um homem histórico que nos deu o exemplo de relacionarmos com Deus. E o Espírito Santo é simplesmente como descrevemos a experiência religiosa, ou seja, a experiência com o Deus da igreja. Vemos a mesma idéia de Deus, nos escritos de Paul Tillich, mas, esse muda a nomenclatura para “o Fundamento do ser” e, também, nos escritos de Robinson que chama de “preocupação última”. Devemos que criar a consciência de que, Friedrich Schleiermacher distanciou da teologia bíblica e da teologia natural, e analisou a experiência religiosa como senso da dependência abosoluta com o Sagrado. Para quem gostaria de aprender mais, é só ler o livro dele: “The Cristian Faith”.
Com a abordagem de Friedrich Schleiermacher vários pensadores foram influenciados. Muitas coletâneas começaram a ser procuzidas falando sobre a “vida de Jesus”. Jesus começou a ser reinterpretado com interpretações racionalistas e fictícias, partindo do pressuposto de que os milagres e o sobrenaturalismo na bíblia não devem ter créditos. Mais para frente não só Jesus, mas toda a bíblia começou a ser reinterpretada sem os milagres e o sobrenatural, criando assim o conceito de quê há mitos na bíblia. Esse presente estudo não estará mostrando todos os pensadores dessa teologia, mas, citarei alguns nomes: Strauss, Renan, Seeley, Drews, Harnack e Ritschl. Esse último partia da premissa de Kant, falando que a bíblia é um livro de moral, e o cristianismo é uma religão de moralidade e não de sobrenaturalismo. A maioria desses autores falava que Jesus era um pregador de amor e moral. Todos buscam o Jesus Histórico, com isso tentavam levantar uma nova historicidade de Jesus, além daquela que está na bíblia. Alguém que devemos dar uma atenção especial nesse espaço, é Albert Schweitzer. Esse montou sua tese de doutorado chamado, “A busca pelo Jesus Histórico”, que se tornou uma obra admirada para essa teologia. Aqui podemos ver a teoria de Lessing, que citei acima. A história Cristã não é de se confiar e é precisso que seja revista, e foi isso que Schweitzer fez. E sem dúvida foi quem mais influênciou o meio liberal depois de Schleiermacher.
Schweitzer como os outros fala que o centro da pregação de Jesus era a moralidade. Ele falava sobre a escatologia e idéia do Reino da seguinte forma: Jesus acreditava que o Reino iria vim naquela era, e daí ele se tornaria o Messias, mas, Sua dedução falhou. Com isso ele ficou esperando esse acontecimento que resultou Sua morte. Enquanto isso ele ficava apregoando a ética interina. Jesus para ele era um político religioso e fanático, que andava pela vida sem destino. Seus ensinos tinham Jesus, no entanto, o quê ele mais destacava era o “respeito pela vida”. Acredito que esse ensino último, deu a base para a fonte da teologia existencialista.
Devemos lembrar que não só a historicidade de Cristo estava sendo questionada, mas, também, a crítica bíblica. Vários pensadores levantaram suspeitas sobre a bíblia, como: Baur, Lachmann, Weisse, Wilke, Holtzmann e Streeter. Só para termos uma idéia, foi através desse tempo, dessa época e com esses pensadores que começou uma ótica minuciosa dos evangelhos, onde surgiu a idéia do documento Q (que é uma suposta coletânea de ditos de Jesus, usados por Mateus e Lucas, mas, por Marcos não). Mais para frente na Europa continental, a crítica bíblica crescera, especialmente no novo testamento, criando assim a crítica da forma, tendo como maior pensador o famoso Rudolf Bultmann, um exegeta existencialista do novo testamento, que tinha perspectivas liberais. Esse foi influenciado pela filosofia existencialista de Martin Heidegger, e começou a reconstruir o Jesus histórico e Suas pregações. Ele falava que o novo testamento deve ser interpretado para a essência da existência. Para um conhecimento melhor da existência e de como você pode se desenvolver como ser enquanto tal. E os milagres e sobrenaturalismo que é mostrado na bíblia, ele acompanhava as idéias do demais liberais.
As idéias filosóficas influenciaram os estudos bíblicos, e criou um ceticismo acerca dos evangelhos. Não somente o evangelho, mas, mais para frente à bíblia inteira. Junto com o ceticismo moderno, começaram a questionar a veracidade do Cristianismo e da Bíblia. Diziam e dizem que a bíblia só tem confiabilidade em regra de fé, prática, ética e moral. Entretanto, o quê é histórico, cosmológico e sobrenatural, ela é falível. Vamos vê alguns conceitos do liberalismo no próximo tópico.
AS TENDÊNCIAS DA TEOLOGIA MODERNA/LIBERAL PARA A FÉ BÍBLICA.
Essa teologia trouxe grande divisão à ortodoxia. Seus ensinamentos gravaram rompimento em quase todas as denominações históricas. Pelo crescimento dessa teologia em seminários e igrejas, houve uma reação conhecida como Fundamentalismo. Eu não vou me aprofundar neles aqui, mas, quero deixar algumas coisas relatadas sobre eles. Os fundamentalistas dessa época, não podem ser confundidos com os mesmos fundamentalistas de hoje. Hoje o movimento que se identifica com o velho fundamentalismo chama-se de evangelicalismo.
O liberalismo começou ter grande crescimento no século XX, especialmente nos EUA. Muitos saiam dos EUA, para obterem pós – graduações na Europa, especialmente na Alemanha, onde conheceram os grandes ensinamentos liberais, e começaram trazer esses para os EUA. Com isso começou haver grandes batalhas entre os liberais e fundamentalistas. Os liberais conseguiram criar uma grande força nessa época, que ganhou um extremo espaço nos seminários e igrejas. Os fundamentalistas não viram outra decisão, a não ser de saírem dessas denominações e montarem novas denominações que foram: Batistas Regulares (que formam a Associação Geral das Igrejas Batistas Regulares, em 1932), os Batistas Independentes, as Igrejas Bíblicas, as Igrejas Cristãs Evangélicas, a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (em 1936, que mudou seu nome para Igreja Presbiteriana Ortodoxa), a Igreja Presbiteriana Bíblica (em 1938), a Associação Batista Conservadora dos Estados Unidos (em 1947), as Igrejas Fundamentalistas Independentes dos Estados Unidos (em 1930) e muitas outras denominações que existem ainda hoje. 4
Voltando com a ótica só no liberalismo, podemos falar que eles, negam as verdades de quase todos os fundamentos da fé cristã. Eles criam sua ideologia, de que há “mitos” na bíblia. Pois, os antigos não conseguiam compreender o que acontecia, portanto, os exegetas críticos falavam que os autores bíblicos usaram fontes que são revestidas de “mitos”, e lendas criadas por Israel e pela Igreja Primitiva. Assim nasce um método novo de exegese, conhecido como exegese histórico-critico/gramatical. Eles dizem que é preciso tirar os dogmas e a teologia sistemática, e tentar reconstruir a história e os fatos daquela época, para poder chegar às verdades que estavam por trás dos surgimentos da religião de Israel e do cristianismo. Para que isso possa ocorrer, a principal ferramenta a ser usada é a razão, com outras ferramentas como a crítica bíblica, crítica da forma e a crítica literária. Quero mostrar a definição dessa exegese que Uwe Wegner fez:
“Método histórico-crítico/gramatical, analisa os textos considerando sua gênese e evolução históricas. O método é crítico, pois as evidências apresentadas pelos textos permitem juízos alternativos e, por vezes, até antagônicos, sendo necessário avaliar criteriosamente as várias possibilidades de interpretação”. 5
Vamos desfragmentar para que possamos compreender seu significado melhor. Ele é histórico, porque ele trabalha com fontes históricas, e analisa dentro de uma evolução histórica, tentando mostrar os seus progressos de formação e crescimento, até mostrar sua forma atual. E, também, porque se interessa pelas histórias que geraram essas fontes, nos seus estágios evolutivos. Ele é crítico, pois precisa ter uma série de juízos sobre as fontes de estudo. Porém, o que quero destacar nesse método é duas analises que são conhecidas como Alta-Crítica e Baixa-Crítica:
Ø A baixa-Crítica: Essa é mesma coisa que a Crítica Textual. Sua analise é em restaurar o texto original, tendo como base os manuscritos que foram escritos, que são em volta de 5.000. Com isso usa ferramentas como a Kurt – Aland e a Nestlé – Aland, para o novo testamento. Para o velho testamento usa-se a Sturt Gartensia. Olhando para seus aparatos críticos, e vendo as evidências oferecidas pelas variações. Mostrando as diferenças nos textos que tem essas evidências nos manuscritos. E isso se vê através de símbolos e sinais.
Ø A Alta-Crítica: Essa analise mostra uma avaliação crítica da Bíblia. Não se permanece somente na bíblia, mas vai além, investigando sua autoria, historicidade, datação, integridade, sua forma de composição e estrutura, doutrinas ensinadas, procedências e as idéias envolvidas, dentre outras coisas. Geralmente essa crítica tem entrado em conflito com as doutrinas centrais da fé Cristã, para dar mais base ao cientificismo, modernismo e o racionalismo. Para termos idéia como eles vão além, eles chegam ao ponto de dizerem que Jesus não existiu, e foi inventado pela igreja primitiva. O maior apologista de nossos tempos conhecido como Norman Geisler declara que:
“A alta-crítica pode ser dividida em negativa (destrutiva) e positiva (construtiva). A crítica negativa, como o próprio nome sugere, nega a autencidade de grande parte dos registros bíblicos. Essa abordagem, em geral, emprega uma pressuposição anti-sobrenatural”. 6
Gostaria de salientar, que esse método exegético não é totalmente ruim. Eu faço uso das palavras de Norman Geisler, e digo que o método exegético histórico-crítico/gramatical, pode ser destrutivo quando é usado por um liberal convicto. Todavia, ele pode ser construtivo quando for usado por um evangelicalista convicto.
Nessa parte onde estamos, vou citar alguns pontos do liberalismo teológico, dentre outros que eu já escrevera nesse estudo:
Ø Eles falam que Deus é puro Amor, e não tem padrões morais. Pelo seu amor e paternidade, todos têm filiação divina e nenhum homem tem a separação por causa do pecado. Logo, eles adotam a idéia do universalismo unitário, que é o conceito que todas as pessoas serão salvas, e Deus dará um “jeitinho” até na situação do Diabo. Logo, não existe o inferno, e o pecado é a falta de relacionamento com o Sagrado, e, também, uma questão cultural. É a cultura em que você vive que define o que é pecado e o que não é.
Ø Existe uma centelha divina em cada pessoa. 7 Sendo assim, o homem é bom, ele só precisa de um incentivo para fazer o que é correto.
Ø Jesus não é o Cordeiro Salvador. Quando a bíblia diz que ele é Salvador, está querendo afirma de seu exemplo de vida, de sua proximidade com Deus. Ele não teve concepção e nascimento virginal, não realizou curas e milagres, não teve a morte expiatória e nem ressuscitou dos mortos. Como já falado, eles chegam até negar a existência do Jesus narrado, buscando assim a busca do Jesus Histórico. E conseguem ir mais longe ainda, falando que Ele não passa de um personagem criado pela igreja primitiva.
Ø Todas as religiões nos levam a Deus, o cristianismo só é a forma melhor delas.
Ø A bíblia não é veraz, confiável, inspirada e infalível. Somente ela é uma literatura para os Judeus e Cristãos poderem praticar; e não uma revelação.
Ø As confissões criadas nos concílios, não são essenciais para o Cristianismo. O que faz o Cristianismo são suas experiências religiosas e a sua moralidade.
Ø Eles favorecem o relativismo, negando a verdade absoluta. Com isso a bíblia deixa de ser verdade absoluta. Falam que aqueles que a declaram de verdade absoluta são bibliolátras.
Na contra – capa do livro o Cristianismo e o liberalismo, feito por J.G. Machem, ele escreve algo interessante:
“O liberalismo representa a fé na humanidade, ao passo que o cristianismo representa a fé em Deus. O primeiro, não é sobrenatural, o último é absolutamente sobrenatural. Um é a religião da moralidade pessoal e social, o outro, contudo, é a religião, do socorro divino. Enquanto um tropeça sobre a ‘rocha do escândalo’, o outro defende a singularidade de Jesus Cristo. Um é inimigo da doutrina, ao passo que o outro se gloria nas verdades imutáveis que repousam no próprio caráter e autoridade de Deus”. 8
Só resta fala para esses que não tem como negociar o inegociável, como o próprio Danilo Raphael escreveu. Contudo, eu dou graças a Deus que Ele levantou homens para defender a veracidade da fé cristã e enfrentarem os liberais dizendo que eles estavam afligindo verdades fundamentais do cristianismo, e lançaram “Os Fundamentos”, em doze volumes que defendiam os pontos do cristianismo. E, também, criaram cinco pontos para sua bandeira, a saber:
Ø A inspiração, infalibilidade e inerrância da bíblia das Escrituras. Reagindo contra os ataques do liberalismo que considerava que a bíblia estava cheia de erros de todos os tipos.
Ø A divindade de Cristo. Também negada pelos liberais, que insistiam que Jesus era apenas um homem divinizado.
Ø O nascimento virginal de Cristo e os Milagres. Para o liberalismo, milagres, nunca existiram, eram construções mitológicas da Igreja primitiva.
Ø O sacrifício propiciatório de Cristo. Para os liberais, Cristo havia morrido somente para dar o exemplo, nunca pelos pecados de ninguém.
Ø Sua ressurreição literal e física e seu retorno. Ambas as doutrinas eram negadas pelos liberais, que as consideravam como invenção mitológica da mente criativa dos primeiros cristãos. 9
Não somente esses fundamentalistas, mas, também, houve um grande apologista, considerado o maior do século XX. Que fez uma apologia maestral contra essa teologia (especialmente contra Bultmann). Esse homem é conhecido como C.S.Lewis, e sua apologia é chamada de: “A teologia moderna e a crítica bíblica”. Encerro essa parte com algumas citações desse documento:
“A autoridade de especialistas naquela disciplina é a autoridade em deferência à qual somos solicitados a desistir de um imenso acúmulo de crenças compartilhadas em comum pela igreja primitiva, pelos pais da Igreja, pela Idade Média, pela Reforma Protestante, pelos pregadores de século 19. Quero explicar aqui o que me deixa cético quanto a essa autoridade, ignorantemente cético, conforme muitos diriam após um exame superficial da questão. Mas o ceticismo é o pai da ignorância. É difícil alguém perseverar em um estudo detalhado quando tal estudioso não pode confiar prima facie em seus mestres... Em primeiro lugar, o que quer esses homens possam ser como críticos da Bíblia, desconfio deles como críticos. A mim parece que são fracos quanto a um bom juízo literário, mostrando-se incapazes de perceber a própria qualidade dos textos que examinam... Se tal homem chega e diz que alguma coisa, em um dos evangelhos, é lendária ou romântica, então quero saber quantas lendas e romances ele já leu, o quanto está desenvolvido o seu gosto literário para poder detectar lendas e romances, e não quantos anos ele já passou estudando aquele evangelho... Esses homens pedem-me que eu acredite que eles podem ler entre as linhas dos textos antigos; mas todas as evidências levam-me a notar a óbvia incapacidade deles de lerem (em qualquer sentido digno de discussão) as próprias linhas. Eles afirmam poder ver coisinhas minúsculas, mas não podem ver um elefante a dez metros de distância, em plena luz do dia... Os críticos só falam como apenas como homens; homens obviamente influenciados pelo espírito da época em que cresceram, espírito esse talvez insuficientemente crítico quanto às suas próprias conclusões... Os firmes resultados da erudição moderna, na sua tentativa de descobrir por quais motivos algum livro antigo foi escrito, segundo podemos facilmente concluir, só são ‘firmes’ porque as pessoas que sabiam dos fatos já faleceram, e não podem desdizer o que os críticos asseguram com tanto autoconfiança”. 10