terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O PLURALISMO RELIGIOSO E O IMPACTO DO CRISTIANISMO

Quando Paulo escreveu uma carta para a igreja de colossos (colossenses), ele se deparou com alguns problemas doutrinários que estavam ocorrendo naquela igreja, onde destaco um: os colossenses estavam procurando o sentido da religião, o desejo eficaz de ter relacionamentos certos com o Poder que se manifesta no universo. Era o almejo de penetrar mais nos mistérios do cosmo e, ao mesmo tempo de proteger-se contra más influências. Desta forma, a plenitude de Deus, segundo tal pensamento, é distribuída por uma série de emanações do divino, estendendo-se do céu até a terra (tipo de neoplatonismo). Estes rebentos da divindade deviam ser venerados e homenageados como “espíritos elementares” ou anjos, ou deuses, que habitavam nas estrelas, pois regem o destino dos homens e controlam a vida humana, e detém no seu poder a entrada no reino divino. Cristo, então, seria apenas um deles. Portanto, Cristo para eles só era uma das emanações do divino, e um dos espíritos elementares; algo parecido com pluralismo religioso dos dias atuais (que diz que Cristo só é mais uma caminho). Todavia, Paulo escreve mostrando a supremacia e individualidade de Cristo, especialmente no capítulo 1.15 – 29 onde ele mostra a glória da pessoa e da obra de Cristo. Assim nesse contexto ele vem tecendo sobre Cristo como Deus e Criador, Líder da igreja e Sua obra reconciliadora. Enfatizo os versículos de 20 – 23, onde mostra que pela morte e sacrifício de Cristo é que pode haver a reconciliação nossa com Deus. E é só por meio dEle que pode haver e não por mais nenhuma religião/crendice, pois Ele é o único caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6).

O pluralismo considera fundamental a diversidade da verdade, tornando a mesma relativa. Logo, a verdade é relativa, ou seja, não existe uma única verdade (verdade absoluta), porém existem várias verdades que são expressas no indivíduo e na cultura. Portanto, a objetividade (que procura a verdade e é imparcial) se torna um subjetivismo (que é às representações individuais da consciência) fazendo com que a verdade seja particular e pessoal. Isto foi construído em cima de dois pressupostos que são: (1) O estruturalismo, que se opõe ao conhecimento separado, sendo que todos os conhecimentos têm que estar juntos para construir algo (como o organismo biológicos, que para funcionar e existir tem que ter todos os órgãos funcionando juntos e não separados), sendo assim para a sociedade viver em harmonia e estruturada os conhecimentos diversos têm que viverem juntos, não sendo um maior que o outro, e depois disso há a formalização. Portanto, as religiões são membros do mesmo organismo que devem ter suas verdades juntas e não maiores umas das outras; e (2) O desconstrucionismo que ensina que existem infinitas possibilidades de sentido em um símbolo, seja social, seja religioso. Por conseguinte, a religião pode ter mais que um significado, logo, pode ter mais que uma verdade. Tendo os dois como primícias, começa o pluralismo que no âmago religioso vai ensinar que existem várias opções e verdades religiosas, e que todas levam para o céu no final (exemplifico com a maçonaria e o espiritismo), além disso, informa que não tem uma doutrina ou religião mais verdadeira do que a outra. Porém, opondo a esse sistema, adoto o monismo que relata que só existe literalmente uma doutrina da unidade, isto é, uma única verdade, a verdade absoluta. E no âmago da religião essa única verdade é Cristo Jesus, como já vimos no parágrafo acima. Além disso, o sistema filosófico do pluralismo religioso vai contra o LNC (lei da não contradição), pois quando falam que a verdade é relativa, implicitamente dizem que não existe verdade, porém se não existe verdade, isso significa que também não existe nenhuma afirmação verdadeira, portanto a própria afirmação de que não existe verdade não é verdadeira e é plural.

Um exemplo histórico que podemos citar que defendia a verdade relativa são os sofistas. O que importava para eles é que a verdade de alguém deveria ser defendia com boa retórica, persuasão e discurso. Eles tentavam unificar as diferentes visões do mundo, mas sua própria defesa ao relativismo impedia essa virtude. Com isso temos um ótimo exemplo, que mesmo quando queremos colocar a verdade como relativa para unificar o mundo (estruturar e formalizar) faz com que o mesmo continue do mesmo jeito, isto é, separado; pois como vamos querer unificar um mundo que tem idéias e pensamentos diferentes? Grandes filósofos atacaram as ideologias sofistas, dentre eles foram Sócrates, Platão e Aristóteles, o último relatou que o sofismo é “a arte da sabedoria aparente.”

Infelizmente nossa cultura global, influenciada pelo individualismo do pós-modernismo tem adotado o pluralismo com todo o seu conjunto (desconstrucionismo, dualismo, subjetivismo e estruturalismo), e assim tem até lançado sua doutrina religiosa do universalismo unitário (todos serão salvos no final). Porém não se esqueçam que só em Cristo há Salvação e não tem como ir para o Pai e para o Céu, se não for por ele (Jo 14.6; At 4.12). E quem não confessar Cristo como o único caminho, irá perecer e sofrer eternamente. A verdade bíblica é única, e é por ela que devemos deixar nossa doutrina crescer e fortificar, e não por esse pluralismo desenfreado e controlado pelo tempo pós-moderno (Rm 12.2).

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A CRISE DE IDENTIDADE DA IGREJA PÓS – MODERNA

Começo esse texto com o trecho de um famoso texto bíblico: E não sede conformados com este mundo (Rm 12.2a). A palavra “mundo” citado nesse texto, encontra-se no texto como “aioni” que é derivado de “aion” que no presente texto tem o significado de “período de tempo”, “idade” e “geração”, isto é, implica ao sistema em que tem vivido o presente tempo. Diante disso, quando Paulo fala para não se conformar com este mundo, ele se refere que não se deve conformar-se com o presente tempo em que o mundo tem vivido.

Com isso mente, acredito que a crise que a igreja tem passado nos tempos pós-moderno é porque a mesma tem se conformado com ele, ou seja, ela tem se adaptado ao seu estilo de vida, se adequado ao seu modo de pensar e se configurado aos seus padrões, princípios e valores. Sendo assim a igreja tem se ajuntado aos fundamentos inexistentes da pós-modernidade, trazendo para o seu âmago a verdade relativa, dessa forma destronando os princípios inabaláveis da fé cristã, que são suas doutrinas e dogmas. Além disso, tem que engolir o individualismo desse tempo, aceitando sua ideologia, onde as pessoas pensam que não prestam mais contas de suas atitudes para a comunidade em que vivem, colocando essa forma de pensar em cima do que a bíblia ensina sobre a comunhão dos santos. Sabe-se que o príncipe desse tempo é o diabo (Ef 2.2), o qual tem utilizado o seu reino para acabar com a igreja de Cristo, todavia, existe uma promessa para a igreja quando ela se posicionar e atacar, essa promessa é que “as portas do inferno não se prevalecerão contra ela (Mt 16.18)”, isto é, se a igreja de Cristo começar a avançar contra as ideologias e ensinamentos pós-modernos, apregoando as suas bases de fé e assim, também vivendo-as, os pós-modernismo não trazerá mais as crises que tem trazido (deve-se atacar os seus pressupostos errôneos, porém, o que estiver de correto nele, deve ser usado para contextualizar a mensagem da salvação, como já tem feito alguns).

Durante os tempos históricos vemos que a igreja passa pelas crises, mas sempre surgem grupos (remanescentes) que lutam para a mesma vencer tais crises. Exemplifico com os movimentos pré-reformistas. Como já é sabível, na época da idade medieval a Igreja Católica Apostólica Romana tinha abandonado muitos princípios bíblicos e lançado a mão para práticas pagãs e antibíblicas, além disso, estava havendo imoralidade de alguns pontífices. Em meio dessas situações caóticas surgiram movimentos como os Valdenses (condenando o purgatório e as indulgencies), os Catáros/Albigenses (buscando uma pureza espiritual, sendo que partiram para certo radicalismo), os Petrobrussianos (rejeitavam a missa e apregoavam sobre o matrimônio dos padres), os Lolardos que foram seguidores de John Wycliffe (pregou sobre a suprema autoridade das escrituras, a igreja como verdadeira e o conjunto de eleitos, e o questionamento do papado e da transubstanciação), outros que foram influenciados por essas idéias foram os Hussitas (seguidores de John Huss) e os Taboritas. Todos esses grupos citados colaboraram para que viesse ocorrer um avanço da igreja de Cristo sobre os caos que estavam vivendo, que foi a Reforma Protestante, liderada pelo monge Martinho Lutero. Ninguém imaginava que o romanismo pudesse ser vencido com suas práticas que viam das potestades do ar, contudo quando a verdadeira igreja de Cristo se levantou e lutou pelo que é correto “as portas do inferno não prevalecerão”.

Portanto, se a igreja de Cristo quer vencer essa crise que o pós-modernismo tem trazido de uma forma global, ou seja, atingido a maior porcentagem da cultura mundial, ela tem que seguir o imperativo principal do texto de Mt 28.19 “fazei que todas as nações se tornem discípulos (BDJ)”, sabendo que “nações” nesse texto tem a conotação de “tribos”, “raças”, “povos” e “línguas”, em suma, “grupo de pessoas”. Isto é, deve ensinar e influenciar a cultura global em sua diversidade tribal a viver conforme a cosmovisão/metanarrativa bíblica, ou seja, mostrar através da globalização a forma como a igreja enxerga o mundo e como se deve viver nele, discursando o fundamento universal e a estrutura da vida segundo o conceito das Escrituras. Desta forma usando o contexto como ferramenta e lutando para que as ideologias pós-modernas não entrem na igreja, porém que as doutrinas cristãs entrem no mundo, pois se assim não for, a tendência é piorar, como escreveu Darrow L. Miller: se a igreja não discipular as nações, as nações discipularam a igreja. Modificando-se para o conceito que esse artigo esta propondo fica assim: se a igreja não discipular o pós-modernismo, o pós-modernismo discipulará a igreja. Algo que já está sobrevindo…
Maurício Montagnero

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Integridade e Política

“É ainda mais trágico quando o povo... se preocupa mais com o desempenho do trabalho de um representante eleito (o que ele faz) do que com sua integridade (o que ele realmente é).”
(Norman Geisler e Peter Pocchino)


Encontramo-nos em época de eleição. Em um tempo onde somos desafiados a escolher um novo governo para o nosso país. Ficamos em dúvida em quem voltar (quando nós voltamos em alguém, pois na situação em vivemos muitos de nós preferimos anular os votos). Diante disso acredito que nessa época devemos que parar para refletir em vários aspectos da vida do político candidato a algum cargo, dentre esses aspectos destaco nesse presente artigo a integridade.

Mas o que é integridade? Minha definição acerca dela (haja vista que não é uma definição relativa, porém aceita pelo senso comum) é: atitudes/pensamentos retos e honestos diante dos padrões das leis existentes, leis essas que podem ser “positivas” (que são as leis criadas pelos governos locais) e “naturais” (que são as leis que todos os seres humanos têm em sua consciência, sem ter aprendido da mesma, pois vieram diretamente de Deus). E é sobre a última que eu quero refletir. Ela tem relação com a lei moral, a qual controla o nosso instinto a fazer o que é certo, pois os seres humanos têm consigo dois instintos, um que os levam a fazer o que é errado, e o outro que os levam a fazer o que é certo. E a lei moral que habita em nós, nos leva a realizar o que o instinto certo indica, quando atentemos a mesma.

Com isso em mente vamos trazer a sua aplicação para a política e para os políticos. Vivemos em um tempo estarrecedor em épocas de eleição, pelo motivo de preferirmos em votar em projetos, em nomes destacáveis, em ibope e etc... Não vejo problemas nesses fatos, ou que eles sejam maus, porém acredito que os mesmos deveriam estar submetidos a outro critério quando escolhemos nossos candidatos, que é o critério de postura, caráter, ética e integridade dos mesmos diante as leis tanto dos nossos governos, como especialmente do nosso Deus (lei natural). Por exemplo, como posso querer voltar em um candidato que vai “realizar” 1001 maravilhas para o nosso país, se o mesmo pretende em liberar o aborto e o homossexualismo? Ou também, se o mesmo tem uma vida cheia de atitudes imorais como: seqüestro, assaltos, roubos e estelionatários? Todas essas práticas são abomináveis diante as leis naturais, logo, abomináveis por Deus. Talvez o amado leitor pense: Mas é que esses candidatos não conhecem a Deus ainda, é por isso que têm tais idéias. Todavia vejo dois erros nessa afirmação: (1) Não só porque não conhecem a Deus, agora vão ter o direito em colocar as leis do Criador abaixo da ideologia deles; e (2) Eles não conhecem a Deus, no entanto, existem dentro deles as leis naturais e morais que mostram o que é certo e errado, e quando os mesmos não aceitam ouvir e seguir tais leis, estão se opondo ao Criador, ou seja, a Deus.

Amado leitor, tenha como primeiro critério em procurar partidos e políticos compromissados com as leis de Deus (leis naturais), mesmo que esses não conheçam a Deus. Homens e mulheres que vivam a integridade das leis naturais. Não procure por algum dito cujo que faça ou que fez, todavia não tenha integridade. Contudo vote certo e vote consciente, segundo os critérios das leis de Deus. Encerrando esse artigo deixo que o amado leitor medite nas palavras do Apóstolo Paulo aos romanos, que nos ensina acerca da lei natural e moral, que todos (salvos e não salvos) têm:

“Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os”
(Rm 2.12 – 15/ACF)
Maurício Montagnero

quarta-feira, 26 de maio de 2010

IGREJA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Antes de vermos a responsabilidade social da igreja, devemos que saber o porquê que nossas sociedades vivem em situações tão precárias como a pobreza, a fome e a miséria.

Apesar de eventos desastrosos serem bons motivos e boas respostas, como: a guerra, secas e inundação; tem também outro lado da moeda. Esse outro lado é que a pobreza é a conseqüência de uma visão de mundo que as pessoas têm sobre a vida e assim se comportam. Segundo o Maurício Cunha, a Bíblia ensina que a pobreza apesar de ser conseqüência da queda do homem, é, também, a maneira de ver e viver a vida. Assim realmente ensina a parte A do versículo 7 do capítulo 23 de Provérbios.

Porém, disso que vimos nessas linhas devemos que nos perguntar: Qual é a postura que a igreja deve tomar para mudar toda essa situação? Eu gostaria de meditar em um texto muito famoso, que é o milagre de Jesus na multiplicação dos pães e peixes (Mc 6.30 – 44). Aqui nesse texto vemos dois princípios interessantes que a igreja pode aplicar para cumprir sua responsabilidade social.

O primeiro princípio é de que, como Jesus tomou a providência em multiplicar pães e peixes para dar para o povo comer, assim a igreja deve que tomar a atitude de agir socialmente para matar a fome e a miséria do povo, ou seja, dar o peixe para eles. Vemos que Deus sempre agiu em favor desses, podemos ver isso nas leis do Pentateuco que são as leis da rebusca (Lv 19.9 – 10; 23.22; Dt 24.19 – 21) e o ano do Jubileu (Lv 25.8 – 34). Vemos também na literatura profética (Isaias, Oséias, Amós e Miquéias). Vemos ensinamentos de Jesus acerca disso como a parábola do bom samaritano (Lc 10.30 – 37) e a história do grande julgamento (Mt 25.31 – 46). Também vemos essa preocupação na igreja primitiva em Atos 6.1 – 7 e em Tiago 1.26 e 27. Realmente vemos na Bíblia a preocupação de Deus por esses.

Todavia o segundo principio que eu vejo e destaco-o é no versículo 34. Como Jesus teve a compaixão e ensinou o povo, assim à igreja deve tomar a responsabilidade de ensinar os necessitados em uma nova forma de ver o mundo e lutar para se levantarem na vida, ou seja, ensinar a pescar. E aqui eu faço contra – ponto com que eu disse na introdução. Se quisermos que os pobres, famintos e miseráveis sejam ajudados, nós como igreja devemos que ensiná – los a visão cristã. Ensiná – los que os trabalhadores são dignos de seus salários (1 Tm 5.8) e que uma nação que Deus é o Senhor será feliz e próspera (Sl 144).

E acompanhando a idéia de Darrow L. Miller a igreja deve tomar três atitudes para ajudar a comunidade carente e se levantar diante esse segundo principio. Primeiro deve proclamar o evangelho; segundo deve renovar a mente, ou seja, pensar cristãmente em todas as áreas da vida; e por último discipular a sociedade. A promessa de que a nação seria bendita já estava em Abraão (Gn 12.3), e aqueles que crêm em Jesus são descendentes espirituais de Abraão (Gl 3.7). E o nosso mandado é discipular as nações (Mt 28.19), fazendo-as se tornarem discípulas de Cristo e assim filhos de Abraão, se tornando dessa forma benditas. A benção do Senhor sobre a vida em sua totalidade!

De modo nenhum quero pregar a favor da Teologia da Prosperidade ou da Libertação, porém, quero salientar que a igreja tem que ajudar o seu próximo, e que os servos de Deus com uma cosmovisão moldada pelas escrituras têm uma vida em que dar para viver bem e sem miserabilidade. Como o próprio Calvino acreditava que a situação econômica do homem pode ser restaurada pela renovação espiritual da criatura, assim devemos que acreditar e pregar também.

Maurício Montagnero

BIBLIOGRAFIA:

LEITE, L.C Antônio; CARVALHO, V.R de Guilherme; CUNHA J.S Maurício. Cosmovisão cristã e transformação social. Espiritualidade, razão e ordem social. Editora Ultimato. Viçosa, MG; 2006.

MILLER, L. Darrow. Discipulando Nações. Editora FatoÉ. Cuiritiba, PR; 2000.

terça-feira, 11 de maio de 2010

CRISTIANISMO E CULTURA

Devemos que entender que o cristianismo é uma religião que não simplesmente oferece um plano de salvação para uma vida após a morte, mas, sim, como uma religião que abrange a totalidade do individuo até o social e da religião até a cultura.

Quando Deus criou o homem juntamente criou o ambiente. E deu um imperativo ao homem, que podemos ver como um “mandamento cultural” (Gn 1.26 – 30). Porém, quando o homem se rebelou contra Deus, o ambiente, ou seja, o aspecto cultural que estava em volta do homem foi prejudicado (Gn 3.14 – 19). Essa rebelião trouxe dano ao homem e às suas obras.

Agora só há uma maneira de a cultura ser levantada de novo, que é se converte - lá ao Criador novamente. Mas como isso é possível? Em Mt 28.18 – 20, Jesus deu uma ordem aos seus discípulos. Interessante notar que no original grego a ordem não é “fazei discípulos”, mas, sim, “discipulais as nações”, ou como coloca a Bíblia de Jerusalém “fazei que as nações se tornem meus discípulos”. Antes de continuar devemos que entender que nação não é simplesmente um território, mas, também é povo, tribo, língua e raça. Ou seja, uma cultura/sociedade pode ser considerada uma nação. E o nosso dever diante do texto citado é discipular a cultura, ou seja, ensinar os princípios bíblicos e a cosmovisão visão cristã para determinada cultura.

Destaco o que eu escrevi por último. A igreja de Deus deve ensinar sua cosmovisão para a cultura que está inserida, para uma transformação. Pois a forma de como vejo o mundo influencia como vivo nele. Por exemplo, dois povos têm uma visão diferente sobre a terra da palestina. Um acredita que a terra é maldita, quando o outro acredita que ela é abençoada. A parte da terra que pertence ao povo que acredita que ela é maldita está em caos e em plena feiúra. Agora a parte da terra que pertence ao povo que acredita que ela é abençoada está prosperando e a terra está bonita. Visões diferentes de mundo para uma mesma terra, com isso houve resultados diferentes.

Agora quando a igreja discípula a cultura em que ela vive com a cosmovisão cristã, irá influenciar o conjunto de princípios e costumes daquela cultura, ou seja, influenciará a sua ética que se adaptará aos ensinos da palavra. E influenciando a ética e se adaptando aos ensinos da palavra mudará o modo de viver daquela cultura. E é interessante notar que se a igreja se posicionar em trazer a cultura de volta para o Criador, através do ensinamento e da construção da cosmovisão cristã, o reino de Deus será estabelecido em tal cultura.

É importante notarmos isso, que o reino seja estabelecido na cultura, pois se querermos uma cultura de paz, alegre e justa, precisamos tomar essa iniciativa de estabelecer o reino de Deus, pois ele é um reino de paz, justiça e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17).

Concluindo, recapitulo tudo que foi dito. Se quisermos que uma cultura seja cristianizada, precisamos estabelecer o reino de Deus em tal cultura, com o ensinamento e construção da cosmovisão cristã em tal lugar, discipulando assim essa cultura e trazendo-a novamente para os braços do Criador. E há algumas crenças dessa cosmovisão visão que devem se destacadas como: O valor da vida humana, pois o homem é imagem semelhança de Deus; a cultura pode ter a intervenção de Deus e a aplicabilidade da inteligência do homem, assim pode-se construir uma história; a responsabilidade pessoal e social de cada ser – humano; igualdade entre as pessoas, sem discriminação; crer em uma verdade absoluta que é Deus e a práxis de sua palavra; e que o homem é mordomo de Deus e assim trabalha para Deus na cultura e ambiente em que vive.

Maurício Montagnero

BIBLIOGRAFIA:

LEITE, L.C Antônio; CARVALHO, V.R de Guilherme; CUNHA J.S Maurício. Cosmovisão cristã e transformação social. Espiritualidade, razão e ordem social. Editora Ultimato. Viçosa, MG; 2006

WINTER, D. Ralph; HAWTHORNE, C. Steven. Missões transculturais, uma perspective cultural. Editora Mundo Cristão. São Paulo. 1997.

MILLER, L. Darrow. Discipulando Nações. Editora FatoÉ. Cuiritiba, PR; 2000.

sábado, 25 de julho de 2009

A IGREJA DE LAODICÉIA.

INTRODUÇÃO:

Encontro-me ás vezes nas igrejas nos dias de hoje, e olho para elas e todas suas adaptações no que se refere à infra-estrutura. Muito se gasta em prédio, aconchego e beleza do templo. Porém, não é só isso que vejo acontecer, mas, também, olho para a realidade espiritual e encontro miserabilidade nas vidas em suas tentativas em buscar a Deus. Vejo as pessoas em não se preocuparem com suas vidas de santidade. E os cultos estão cada vez mais mortos.

Com tudo isso que acontece, eu paro para refletir sobre a situação da igreja de hoje em correlação com a igreja de Laodicéia. Acredito que das sete igrejas do Apocalipse, as quais foram cartas enviadas, a mais contemporânea é a igreja de Laodicéia. De todas essas, a igreja de Laodicéia é a que mais se aproxima de nossa realidade. Uma igreja que abandonou Jesus, o Cristo como centro da doutrina e da prática de vida, uma igreja que viveu a apostasia e se enquadrou no ambiente que vivia.

Sendo assim, em ver essa proximidade de nossas igrejas nos dias de hoje e a igreja de Laodicéia, resolvi fazer um artigo sobre ela.


PANO DE FUNDO DE LAODICÉIA:

É importante conhecermos como era a cidade de Laodicéia antes de entendermos o texto, pois o texto usa alguns detalhes que traz a luz dos fatos que ocorriam em Laodicéia.

É bom deixar relatado que havia três cidades com o nome de “Laodicéia” na antiguidade, e não podemos confundi-las, a saber: 1º Laodicéia ad Maré, que hoje é a atual Lataquia, a qual é o principal porto do mar da Síria; 2º Laodicéia Combusta, que é hoje a atual Ladique na Turquia; e 3º A Laodicéia do Lico (veremos a seguir porque tinha esse nome) que é a do Novo Testamento, a qual estará em analise, pois é a única que tem interesse bíblico. Veremos seus aspectos geográfico, econômico e histórico.


Aspecto geográfico:

Essa cidade era conhecida como Laodicéia ad Lycum, que nos dias atuais é a Pamucale, um lugar desértico. Ficava perto da cidade de Denizli, que nos dias atuais é a Turquia ocidental. Laodicéia encontrava-se cerca de 60 km a sudeste da Filadélfia, a 10 km ao sul de Hierápolis e a 16 km a oeste de Colossos; se localizava junto ao rio Lico e no fértil Vale do Licos, por essa razão tinha o nome de “Laodicéia do Lico”. E junto com Hierápoles e Colossos se formava uma totalidade, se tornando um grande eixo político-judicial do continente.

Outro ponto da sua localização era bom para o seu desenvolvimento e crescimento próspero, que era em um cruzamento de estradas consideradas importantes na Ásia Menor, a saber: 1º Estrada que ia para os portos de Mileto e Éfeso, cerca de 160 km; 2º A mesma estrada para o oriente levava ao Planalto central, e de lá para Síria; e 3º Existia outra estrada que conduzia para o Norte, que ia para a principal capital que era Pérgamo, e, também, para o Sul até as costas de Ataléia.

Ela era agrupada em uma área de 25 cinco aldeias no máximo, sendo-a cidade-mãe nesta autêntica metrópole, como mostra a arqueologia. Não só isso que arqueologia descobriu, mas, também, relata que nela havia uma pista de corrida e três teatros (um deles tem 136 metros de diâmetro). Muitas outras ruínas e itens foram descobertos que confirmam a sua riqueza.

Aspecto Econômico:

Precedendo está parte foi mostrado o seu aspecto geográfico, pois como já dito à cima a sua localização contribuía para seu crescimento financeiro e desenvolvimento. As estradas que foram relatadas fizeram com que a cidade se tornasse um grande centro bancário e comercial. De todos os lugares vinham homens de negócio para buscar financiamento para seus projetos e empreendimentos, pois possuía bancos.

Indústrias foram implantadas nela, dois tipos de indústria se destacavam. Havia a indústria de lã que fabricava roupas e tapetes de cor preta que ditava a moda, e a de medicina que era especializada em oftalmologia, que era feito pelo pó da Frigia, porém, não era conhecida como uma indústria, mas, sim, como uma escola de medicina. Também, por haver fontes minerais térmicas a tornava um centro terapêutico.

Depois dos tempos bíblicos sua prosperidade aumentou, e até antes desses tempos, na época dos primeiros imperadores romanos, ela já era famosa por sua importância e riqueza. Sua riqueza era tão grande que nos anos 60 D.C, ela foi vitima de um terremoto que quase a destruiu completamente (era uma cidade sujeita a constantes terremotos). Com sua própria riqueza ela se reconstruiu, evitando e renegando a ajuda do governo romano. E não somente para ela, mas, também, contribuiu para o levantamento de algumas cidades adjacentes que também foram atingidas pelo terremoto.

Aspecto Histórico:

A cidade de Laodicéia foi fundada no século III A.C. Ela foi ampliada por Selêucida Antíoco II, e seu nome foi trocada em homenagem a sua mulher “Laodice”, pois antes a cidade se chamava “Diosópolis”, a cidade de Zeus. Só para deixar de passagem o nome “Laodicéia” significa “Justiça do Povo” que é da palavra grega “laodikeiai”, denotando talvez um governo democrático, ou também, pode ser algum juiz do povo. No entanto, quando nós desfragmentamos a palavra dá a idéia: “os costumes dos leigos ou as opiniões do povo comum.”1. Pois, “laos” significa povo em comum/leigos e “dicéia” significa costumes/opiniões do povo. Com isso define a tal idéia:

“Esta Igreja que queria ganhar o mundo veio a tornar-se mundana e cheia de idéias e opiniões humanas. Todos opinavam e decidiam o que seria espiritual para a Igreja. Entretanto, nem sempre a voz do povo é a voz de Deus - a Igreja virou um caos.” 2

No século IV D.C, essa cidade era a sede episcopal da Frigia. Contudo, ela foi destruída pelas sangrentas guerras travadas pelos islamitas da idade média. Há ruínas chamadas de “Eski Hissar”, palavra Turca que significa “Castelo Antigo”.

Falando agora da historicidade Cristã na cidade, sabemos que Paulo esteve lá em sua terceira viagem missionária e provavelmente foi ele que deu origem à igreja dessa cidade, pela pregação da palavra. Conforme ensina Cl 4.13-16, sabemos que Paulo tem grande zelo pela igreja de Laodicéia e que ele escreveu uma epístola para aquela igreja. Há os que palpitem que a epístola escrita para igreja de Laodicéia seja a epístola aos Efésios, no entanto, isso não passa de conjectura.



O TEXTO (Ap 3. 14 – 22):

O Remetente (VS/14b): Nós sabemos que quem enviou essa carta para a igreja de Laodicéia e a escreveu foi João, o mesmo autor de Apocalipse. Todavia, ele escrevera essa carta, mas não foi ele que elaborou o conteúdo da mesma, pois quem elaborou seu conteúdo foi o próprio Jesus. Mas, como sabemos que foi ele? Pela forma que o VS/14b mostra. Podemos dizer que isto é um circunlóquio de Jesus, para entendermos melhor veremos cada item:

Ø O Amém: Em Is 65.16 aparece falando sobre o Deus da verdade. A palavra no grego para “verdade” e para “amém” é a mesma: “amém”, que é a palavra que aparece no texto. Ou seja, esse “amém” seria uma tipificação do “Deus da verdade” conforme aparece em Isaias, porém, aqui indica a Jesus, o Cristo, que também é o “Deus da Verdade”. Desta forma implica que as palavras de Jesus são verazes e sinceras, assim como o próprio Jesus é.

Ø Testemunha fiel e verdadeira: Próprio João escrevera que Jesus é fiel testemunha (1.5). E o próprio Cristo se apresenta como Verdadeiro à igreja de Filadélfia (3.7). Aqui há um contraste com a lamentável condição que a igreja de Laodicéia estava vivendo, enquanto Jesus era uma testemunha fiel e verdadeira, a igreja de Laodicéia não testemunhava verdadeiramente e fielmente. Jesus nunca escondeu e nem esconderá a verdade, ele não acrescentará nada do que vê, e, também, não esconderá nada.

Ø O principio da criação de Deus: Não podemos partir para as heresias como faz as Testemunhas de Jeová, que dizem que Jesus é um ser criado e foi o primeiro a ser criado por Deus. Esse texto não sustenta tal teologia. Aqui se refere a Jesus como base de toda Criação de Deus, podemos confirmar isso através dos textos (Jo 1.1-3; Cl 1.15-17). Portanto, essa passagem deve ser interpretada a luz dessas outras passagens. È interessante salientar de que em Ap 21.6, aparece falando que Jesus é o “principio”. Essa palavra no grego é “arché”, de onde vem a palavra “arquiteto”, ou seja, Jesus é o arquiteto da criação de Deus.

As reprovações (VS/15-17): Talvez nesse momento em que a carta estava começando a ser lida para igreja, houve uma expectativa de elogios que viriam, por causa da sua tamanha riqueza. Entretanto, nenhum elogio foi direcionado a essa igreja, mas, sim, reprovações. No VS/15 e 16 vemos que ela era uma igreja morna. Por que será que foi usada essa terminologia? Uns dos problemas que havia em Laodicéia, e considerado o maior, era sua escassez de água. Ela tinha um arqueduto de 6 ou 7 milhas construído, para trazer águas de fora para o suprimento da cidade. Vinham de Colossos águas frias e de Hierápoles vinham águas quentes, boas para tratamentos e cura de muitas doenças. Porém, quando as águas de Hierápoles chegavam à cidade, elas não estavam mais quentes, mas estavam mornas. Desta forma os cidadãos da cidade sabiam o quão era desagradável isso. Quando na carta foi usada essa analogia dá mornidão, o público que estava escutando a leitura sabia o quão desagradável eles estavam sendo para Deus. Não eram nem frios, uma analogia de alguém que espiritualmente está em uma situação de indiferença as coisas de Deus; e não eram quente, uma analogia de alguém que vibra nas coisas de Deus. Mas eram mornos, uma analogia para alguém que desagrada a Deus, pois se diz Cristão e ativo na igreja, mas não busca a Deus como deveria, e nem vive uma vida Cristã como deveria, porém, se envolve no meio do mundo e de suas vontades se adaptando ao ambiente em que vive, da mesma forma que as águas se adaptavam ao ambiente de Laodicéia.

Continuando essa parte vemos que no VS/17, eles achavam que estavam enriquecidos e de nada sentiam falta, só porque viviam no meio da riqueza e do bem-estar. Refletia na vida deles o comportamento da comunidade em que viviam. Desta forma mostrava o orgulho desta igreja, acredito que umas das coisas mais repugnantes aos olhos de Deus seja a questão do orgulho, o mesmo que levou Lúcifer a se rebelar contra Deus. Sentiam-se auto-satisfação e orgulho pela vida que levavam. Todavia, não era isso que Jesus achava deles. A mentalidade de Jesus sobre essa igreja era totalmente diferente do que eles achavam. Para Jesus eles eram desgraçados, ou seja, aqueles que não conheciam, não viviam, não experimentavam da maravilhosa graça de Deus e assim eram infelizes, o oposto do que pensavam que eram. Eles também foram chamados de miseráveis, ou seja, eram dignos de compaixão, pois em sua vivência não havia abundância, mas, sim, miserabilidade.

Essas próximas três criticas em que tiveram é um contraponto com a vida que eles pensavam que tinham. Pensavam que eram ricos e cheios de riqueza por causa do ambiente em que viviam e de seus bancos, contudo, eram pobres, não tinham a riqueza que precisavam. Orgulhavam-se, pois tinham a escola de medicina com especialidade em oftalmologia, fabricando remédios pelos pós da frigia, no entanto, a verdade é que eles estavam cegos diante as coisas espirituais, ou seja, fabricavam remédios para curar os outros, mas eles mesmos não se tratavam. E por último, se destacavam em sua indústria de roupas, produzindo vestimentas para os outros, todavia, eles mesmos não se vestiam, viviam numa nudez espiritual sem se preocuparem em se vestir com a verdadeira veste que precisavam.

E agora, após terem ouvido tudo isso, como será que podiam adquirir tudo isso que pensavam que tinham? Como podem se tornar ricos? Como podem enxergar? Como podem se cobrir? Já que têm todas essas qualidades na cidade, mas continuam vivendo ao contrário do que deveriam. Bem, na continuação do texto vemos a solução.

O conselho (VS/18-19): Já que todos os atributos que Laodicéia tinha, foi provado que espiritualmente era um antônimo, Jesus aconselha de como eles podem adquirir esse atributos espirituais. Para que se tornem ricos, eles precisam comprar “ouro provado no fogo”; aqui dá a idéia de ser refinado e purificado pelo fogo esse ouro que devem comprar. Ou seja, desse ouro é retirado toda impureza que pode ter. As impurezas que geralmente tem nas riquezas terrena. Portanto, eles deviam buscar a riqueza sem impureza, em Cristo. No decorrer do texto vemos também que eles são orientados a comprar “vestes brancas”, para que eles pudessem se vestir. As vestes brancas aqui entram em contraste com as lãs pretas que eles fabricavam na cidade. E não só isso, mas, também, reforça o sentido da pureza que eles precisavam adquirir, pois o branco significa pureza, e, também, se refere à justiça dos santos (Ap 19.8b). É uma admoestação para que se entreguem novamente a Cristo para obter a pureza e a justiça dos santos. E terminando o VS/18, a mais uma coisa a qual eles têm que comprar que é o colírio para os seus olhos, tornando-se um paradoxo para uma cidade de medicina oftalmologista. Pensavam que tinham o segredo para cura dos olhos, todavia, não sabiam que suas cegueiras eram piores e que só esse colírio adquirido em Cristo poderia trazer a visão que eles precisavam, a saber, a visão espiritual, e isso após de terem ungido seus olhos com esse colírio. Lembrando que a unção é um ato de separar e consagrar, ou seja, eles deveriam separar e consagrar seus olhos para as coisas espirituais. Muito interessante a definição do evangelho que podemos encontrar aqui, a saber:

“Riqueza divina para nossa pobreza espiritual; veste branca de justiça para nossa pecaminosidade. Visão espiritual para nossa cegueira” 3

Continuando esse texto vemos que Jesus dá mais conselhos. O próximo conselho é “arrepende-te”. No original essa palavra está no aoristo (que é o nosso pretérito), desta forma exigindo uma ação imediata que eles deveriam tomar. Mas antes disso há outro conselho “se, pois, zeloso”, essa frase está no imperativo presente, no original. Ou seja, eles deveriam ter uma constância em seu zelo pelas coisas referentes ao reino.

Precedendo esses dois conselhos últimos conselho, Jesus mostra um ensinamento, a saber: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo”. Quando há um castigo da parte de Deus, deve ser entendido dá mesma forma quando há um castigo da parte de um pai para o filho. Não é por maldade o castigo, mas para correção e principalmente amor, conforme já ensina Hb 12.5-11. O interessante aqui no texto, é que a palavra para amor não é o costumeiro “agapao”, mas, sim, “fphileo”, ou seja, o amor de Jesus por eles não é só o desejo de amar, mas é algo maior e mais intenso. Um amor de sentimentos, afeições e emoções.


A promessa (20-21): Esses dois versículos contêm uma promessa. No entanto, eles precisam tomar a iniciativa para que as promessas se cumpram. Vamos ver as promessas: “entrarei em sua casa, e cearei com ele, e ele comigo” e “ao que vencer lhe concederei que assente comigo no meu trono”. Vamos por parte. Para a primeira promessa se cumpra eles precisavam tomar o proceder de abrir a porta quando Jesus bate. Ele toma a iniciativa de ir ao encontro, e para que possam unir-se com Ele e desfrutar da sua doce comunhão precisam abrir a porta. É interessante esse versículo, pois o assentar a mesa naquela cultura é algo sério, é algo que só os íntimos e chegados poderiam desfrutar. Não é simplesmente o comer, mas é a idéia de íntima comunhão, ou seja, eles iriam desfrutar dessa íntima comunhão com Cristo, a comunhão de solidarizar, de conversar, de ouvir e ser ouvido e de receber encorajamento.

Para segunda promessa, é simples ver o que eles precisam fazer para herdá-la. Precisam tomar a iniciativa de lutar e serem perseverantes em suas lutas, pois a vitória não vem sem perseverança e luta. Essa promessa ecoa a promessa que Jesus fez aos seus apóstolos em Mt 19.28 e Lc 22.29-30. A totalidade da promessa é a mesma, porém a intensidade é diferente.

Quando a primeira promessa no texto fala em uma atitude que acontecerá na hora e futuramente, a segunda só se refere a uma vida futura.

A exortação final: Como foi dito às outras 6 igrejas, para essa não foi diferente: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Ouvir aqui não é só escutar as palavras, mas, também, é obedecer e procurar mudar o seus procederes errôneos, os quais têm vivido.


CONCLUSÃO:

Essa igreja não incorporava nenhum bem que havia nas outras. Não tinha o calor espiritual de Éfesos, não tinha o temor de Esmirna, não tinha a fidelidade ao nome de Cristo e a fé de Pérgamo, não tinha a fé e as obras de Tiatira, não tinha um remanescente imaculado de Sardes e não tinha a observância da palavra de Deus e os labores de Filadélfia. 4

Pelo ao contrário, essa igreja só apresentava males diante de Deus. Uma igreja que não procurava bem estar espiritual, mas só físico. Infelizmente essa era sua realidade, uma realidade que vemos mais uma vez repetir nos dias de hoje.

Através dessa carta, acredito que as igrejas de hoje deveriam parar para refletir sobre suas vidas e ver se têm se relacionado com a igreja de Laodicéia, com tais perguntas: Onde estão minhas fontes de riqueza? Como tem sido nossa vida de santidade? Será que estamos agradando a Deus em nossa forma de ser igreja? Qual tem sido o valor de nossas vidas espirituais? Quando lemos a carta aos laodicenses vemos alguma proximidade com nossa igreja?


NOTAS:

1http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1179&menu=7&submenu=3

2http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1179&menu=7&submenu=3

3 HARPER, AF. Comentário Bíblico de Bacon. Editora CPAD: Rio de Janeiro, 2005. Volume 10.

4 CHAMPLIN, R, N. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. Editora Candeia: São Paulo, 1995 Volume 4.


BIBLIOGRAFIA:

Bíblia Apologética de Estudo. São Paulo: I.C.P, 1995.

CHAMPLIN, R, N. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. Editora Candeia: São Paulo, 1995 Volume 4.

HARPER, AF. Comentário Bíblico de Bacon. Editora CPAD: Rio de Janeiro, 2005. Volume 10.

LAWSON, Steven, J. As setes igreja do Apocalipse. Editora CPAD: Rio de Janeiro, 2004.

UNGER, Merril F. Manual bíblico de Unger. Traduções das Edições Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2006

Fonte Eletrônica: http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1179&menu=7&submenu=3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Laodic%C3%A9ia

Maurício Montagnero

sábado, 11 de julho de 2009

O PANO DE FUNDO DO MODERNISMO/LIBERALISMO TEOLÓGICO.

INTRODUÇÃO.

O que é ser teólogo moderno/liberal? O que é o tal modernismo/liberalismo teológico? Como podemos identificá-lo? Que conseqüência tem para a teologia? Quais suas conseqüências para uma vida pietista e com a espiritualidade da igreja? Confesso que quando ouvia falar sobre teologia moderna/liberal, taís perguntas invadiam minha mente, e deixava-me estarrecido por não ter respostas para as mesmas.

Só posso dizer nessa introdução que essa teologia é um perigo para a vida de um cristão, como para igrejas e seminários. Podemos confirma isso através do século passado. Ela não é totalmente destrutiva, porém, seus 90% de ensinamentos acabam com a veracidade da fé cristã. Usando uma palavra mais forte, diria que o modernismo/liberalismo teológico “estripa” a genuína fé das pessoas.

Só para facilitar a leitura, estarei usando a forma que é mais conhecida essa teologia, ou seja, teologia liberal. Todavia, para entendermos essa teologia precisamos ver o pano de fundo de sua nascente, que foi o iluminismo.

ILUMINISMO.

O Iluminismo foi o legado do modernismo que originou um movimento intelectual feito por pensadores filosóficos que ocorreu no final do século XVII e no século XVIII, que destacava a soberania da razão humana. Foi um tempo em que tiraram Deus do centro para colocar o homem com sua razão. Nessa época eles só procuravam entender o quê era possível para a razão humana, e tudo que não fosse racional era colocado de lado. Portanto, todas as suposições metafísicas religiosas eram abomináveis para eles, pois era tudo irracional.

Esse período da história moderna tinha seus maiores pensadores na Alemanha e Holanda. Especialmente era fundamentado no racionalismo e no anti-sobrenaturalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e, também, no empirismo de Locke, Berkeley e Hume. Não posso esquecer-me de Lessing, que dizia que é impossível a aceitação das verdades históricas do cristianismo; é bom guardamos esse conceito dele, pois veremos que os teólogos usaram essa teoria mais tarde. Quando Kant (maior pensador deste período) escreveu sobre a crítica da razão pura, fez com que o racionalismo ganhasse mais espaço, e que o sobrenaturalismo decaísse. Nessa obra fala que o saber do cientificismo genuíno é possível, porém, é um saber da realidade do “fenômeno”. Ou seja, a realidade é como se apresenta a nós e não a realidade em si. O que o homem pode conhecer sempre será manifestado pelo espaço e pelo tempo da mente humana e das categorias providos pelo mesmo entendimento, como a causalidade e substância. A única fé que pode ter é a fé moral e racional. Vamos vê uma declaração de Kant sobre “A religião nos limites da simples razão (1.783)”:

“A elevação do homem de um estado auto-infligido de inferioridade. Um inferior é alguém incapaz de usar seu conhecimento sem a ajuda de outro [...] Ter a coragem de usar seu conhecimento é então o homem do Iluminismo (Douglas, p. 345 v. Racionalismo).” 1

Como eu já escrevi o Iluminismo sempre enfatizou a razão e independência de suposições metafísicas religiosas. Só podemos chegar à verdade quando obtivê-la pelo racional e pela observação empírica. Esse movimento foi dominado pelo o anti-sobrenaturalismo. E como resultado teve o pluralismo religioso que é a existência de várias opções religiosas e verdades sobre religião, evitando julgar a religião mais verdadeira, ou superior (relativismo religioso). Através dessa época surgiu o deísmo, o
qual pressupõe que Deus criou o mundo, porém, não se interage e nem sustenta ele. Com isso, também, nasceu à crítica bíblica e a rejeição da revelação divina, pois o deísmo falava sobre uma religião natural, como pressuposto o racional. E através disso veio a nascer o Agnosticismo, Ateísmo e Ceticismo. Vamos vê rapidamente o significado de cada um:

Ø Agnosticismo: Essa corrente não crê em Deus (Ateísmo), todavia, não O nega (Teísmo). Eles declaram que é impossível resolver a questão da existência de Deus, e com isso evitam o juízo de valores.
Ø Ateísmo: Ao contrário do Agnosticismo, esse afirma 100% à inexistência de Deus.
Ø Ceticismo: Ele nega o saber humano completo e genuíno. Falam que não tem possibilidade de conhecimento do mundo exterior. São totalmente críticos a qualquer suposição metafísica.

Com essa enfatização da razão e da religião natural, dizendo que não há conhecimento completo de um transcendente, a teologia cristã foi influenciada e conseqüentemente alcançada por essas idealizações filosóficas iluminista. Fazendo assim que nascesse a teologia moderna, mais conhecida como teologia liberal. E essa é nossa preocupação nesse presente estudo, que estaremos a salientar no próximo tópico.

Só para deixar de passagem, o iluminismo foi mais do quê estou escrevendo, como as reações contra as autoridades políticas e o avanço dos conhecimentos científicos. Em países como a França o iluminismo foi anticlerical e de orientação política; e o Iluminismo Britânico desenvolveu um país onde já havia estabelecido uma monarquia liberal. Contudo, devemos ter idéia de que o iluminismo que aqui estamos vendo é o que ocorreu na Alemanha e Holanda, esses países que se preocupavam com o debate intelectual sobre a metafísica e a religião, que atingiu a teologia cristã.

A ORIGEM DA TEOLOGIA MODERNA/LIBERAL.

Ao acontecer o evento iluminista, fez com que seus pressupostos alcançassem a teologia cristã, dando origem à teologia moderna/liberal no final do século XVIII e no século XIX. Fazendo que seus legados continuem até nos dias de hoje. Essa teologia nascera no protestantismo, todavia, hoje ela é mais influente no meio católico apostólico romano.

Sempre a alguém que origina uma corrente teológica, e essa foi criada pelo alemão Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher (1768-1834). Esse homem negava a autoridade e os milagres de Jesus, o Cristo que estavam escrito na bíblia. Ele acreditava que a religião era auto-suficiente quando o sentimento humano mostrava, por exemplo, a comunhão com Deus era feito quando o individuo sente que está se relacionando com o Divino, e assim se torna salvo, mesmo que não creia no evangelho de Cristo. Para ele a bíblia não poderia ser tratada como uma narrativa de interveções divinas, ou como uma coletânea de pronuciamentos divinos. Ela era uma obra de experiência religiosa. Logo, não era preciso levar a escritura a sério em seus detalhes mais pequenos. Assim ele acreditava que as experiências religiosas era o centro da essência da religião. E a essência da religião encontra-se “no nosso senso da dependência absoluta”. Ou seja, na nossa comunhão com Deus, é que encontramos a religião pura, e não na confiabilidade da escritura. Vamos vê algumas palavras dele:

“O elemento comum nas expressões da piedade, por mais diversas que sejam... é este: a consciência de ser totalmente dependente ou de estar em relacionamento com Deus, o que é a mesma coisa”. 2

Com este pensamento ela elaborava novamente todas as doutrinas cristãs. E ele reinterpretou o pecado, dizendo que não é uma trangressão com a moral que deve ter, como a bíblia ensina, mas, sim, é a falta de busca da dependência com o Sagrado e o almejo pela liberdade. A redenção só ocorrerá se esse senso de dependência for restaurado. Agora chegamos no tocante da questão, a sua elaboração sobre quem era Cristo. Ele negava o Cristo ensinado pela teologia histórica com seus concilios cirstológicos, em outras palavras, ele negava a deidade de Cristo. Ensinava que Cristo era um homem que buscou o senso da dependência absoluta com o Divino, ou seja, buscou a comunhão com Deus, e essa comunhão foi tão intensa que poderia dizer que Deus habitava nele. Vamos ver o que ele escveve:

“O redentor, portanto, é como todos os homens em virtude da identidade da natureza humana, mas distinto de todos
eles pela potencialidade constante da
sua consciência de Deus, que era uma
verdadeira existência de Deus dentro dele”
3

Tendo essa idéia de Cristo ele diz que a obra redentora de Cristo, é a inspiração que ele dá através de sua vida, dos homens se relacionarem e procurarem a comunhão com Deus. Já que ele não acredita em Cristo como Deus, logo, não aceita a trindade como verdade. Ele declara que essa doutrina é a amarração da doutrina cristã. Portanto, ele dispensa essa doutrina e adota consigo o utilitarismo. Como ele definiria então as três pessoas da trindade que ele não acredita? Deus para ele é existente pois o homem busca o senso de dependência absoluta com Ele. Jesus é um homem histórico que nos deu o exemplo de relacionarmos com Deus. E o Espírito Santo é simplesmente como descrevemos a experiência religiosa, ou seja, a experiência com o Deus da igreja. Vemos a mesma idéia de Deus, nos escritos de Paul Tillich, mas, esse muda a nomenclatura para “o Fundamento do ser” e, também, nos escritos de Robinson que chama de “preocupação última”. Devemos que criar a consciência de que, Friedrich Schleiermacher distanciou da teologia bíblica e da teologia natural, e analisou a experiência religiosa como senso da dependência abosoluta com o Sagrado. Para quem gostaria de aprender mais, é só ler o livro dele: “The Cristian Faith”.

Com a abordagem de Friedrich Schleiermacher vários pensadores foram influenciados. Muitas coletâneas começaram a ser procuzidas falando sobre a “vida de Jesus”. Jesus começou a ser reinterpretado com interpretações racionalistas e fictícias, partindo do pressuposto de que os milagres e o sobrenaturalismo na bíblia não devem ter créditos. Mais para frente não só Jesus, mas toda a bíblia começou a ser reinterpretada sem os milagres e o sobrenatural, criando assim o conceito de quê há mitos na bíblia. Esse presente estudo não estará mostrando todos os pensadores dessa teologia, mas, citarei alguns nomes: Strauss, Renan, Seeley, Drews, Harnack e Ritschl. Esse último partia da premissa de Kant, falando que a bíblia é um livro de moral, e o cristianismo é uma religão de moralidade e não de sobrenaturalismo. A maioria desses autores falava que Jesus era um pregador de amor e moral. Todos buscam o Jesus Histórico, com isso tentavam levantar uma nova historicidade de Jesus, além daquela que está na bíblia. Alguém que devemos dar uma atenção especial nesse espaço, é Albert Schweitzer. Esse montou sua tese de doutorado chamado, “A busca pelo Jesus Histórico”, que se tornou uma obra admirada para essa teologia. Aqui podemos ver a teoria de Lessing, que citei acima. A história Cristã não é de se confiar e é precisso que seja revista, e foi isso que Schweitzer fez. E sem dúvida foi quem mais influênciou o meio liberal depois de Schleiermacher.

Schweitzer como os outros fala que o centro da pregação de Jesus era a moralidade. Ele falava sobre a escatologia e idéia do Reino da seguinte forma: Jesus acreditava que o Reino iria vim naquela era, e daí ele se tornaria o Messias, mas, Sua dedução falhou. Com isso ele ficou esperando esse acontecimento que resultou Sua morte. Enquanto isso ele ficava apregoando a ética interina. Jesus para ele era um político religioso e fanático, que andava pela vida sem destino. Seus ensinos tinham Jesus, no entanto, o quê ele mais destacava era o “respeito pela vida”. Acredito que esse ensino último, deu a base para a fonte da teologia existencialista.

Devemos lembrar que não só a historicidade de Cristo estava sendo questionada, mas, também, a crítica bíblica. Vários pensadores levantaram suspeitas sobre a bíblia, como: Baur, Lachmann, Weisse, Wilke, Holtzmann e Streeter. Só para termos uma idéia, foi através desse tempo, dessa época e com esses pensadores que começou uma ótica minuciosa dos evangelhos, onde surgiu a idéia do documento Q (que é uma suposta coletânea de ditos de Jesus, usados por Mateus e Lucas, mas, por Marcos não). Mais para frente na Europa continental, a crítica bíblica crescera, especialmente no novo testamento, criando assim a crítica da forma, tendo como maior pensador o famoso Rudolf Bultmann, um exegeta existencialista do novo testamento, que tinha perspectivas liberais. Esse foi influenciado pela filosofia existencialista de Martin Heidegger, e começou a reconstruir o Jesus histórico e Suas pregações. Ele falava que o novo testamento deve ser interpretado para a essência da existência. Para um conhecimento melhor da existência e de como você pode se desenvolver como ser enquanto tal. E os milagres e sobrenaturalismo que é mostrado na bíblia, ele acompanhava as idéias do demais liberais.

As idéias filosóficas influenciaram os estudos bíblicos, e criou um ceticismo acerca dos evangelhos. Não somente o evangelho, mas, mais para frente à bíblia inteira. Junto com o ceticismo moderno, começaram a questionar a veracidade do Cristianismo e da Bíblia. Diziam e dizem que a bíblia só tem confiabilidade em regra de fé, prática, ética e moral. Entretanto, o quê é histórico, cosmológico e sobrenatural, ela é falível. Vamos vê alguns conceitos do liberalismo no próximo tópico.

AS TENDÊNCIAS DA TEOLOGIA MODERNA/LIBERAL PARA A FÉ BÍBLICA.

Essa teologia trouxe grande divisão à ortodoxia. Seus ensinamentos gravaram rompimento em quase todas as denominações históricas. Pelo crescimento dessa teologia em seminários e igrejas, houve uma reação conhecida como Fundamentalismo. Eu não vou me aprofundar neles aqui, mas, quero deixar algumas coisas relatadas sobre eles. Os fundamentalistas dessa época, não podem ser confundidos com os mesmos fundamentalistas de hoje. Hoje o movimento que se identifica com o velho fundamentalismo chama-se de evangelicalismo.

O liberalismo começou ter grande crescimento no século XX, especialmente nos EUA. Muitos saiam dos EUA, para obterem pós – graduações na Europa, especialmente na Alemanha, onde conheceram os grandes ensinamentos liberais, e começaram trazer esses para os EUA. Com isso começou haver grandes batalhas entre os liberais e fundamentalistas. Os liberais conseguiram criar uma grande força nessa época, que ganhou um extremo espaço nos seminários e igrejas. Os fundamentalistas não viram outra decisão, a não ser de saírem dessas denominações e montarem novas denominações que foram: Batistas Regulares (que formam a Associação Geral das Igrejas Batistas Regulares, em 1932), os Batistas Independentes, as Igrejas Bíblicas, as Igrejas Cristãs Evangélicas, a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (em 1936, que mudou seu nome para Igreja Presbiteriana Ortodoxa), a Igreja Presbiteriana Bíblica (em 1938), a Associação Batista Conservadora dos Estados Unidos (em 1947), as Igrejas Fundamentalistas Independentes dos Estados Unidos (em 1930) e muitas outras denominações que existem ainda hoje. 4

Voltando com a ótica só no liberalismo, podemos falar que eles, negam as verdades de quase todos os fundamentos da fé cristã. Eles criam sua ideologia, de que há “mitos” na bíblia. Pois, os antigos não conseguiam compreender o que acontecia, portanto, os exegetas críticos falavam que os autores bíblicos usaram fontes que são revestidas de “mitos”, e lendas criadas por Israel e pela Igreja Primitiva. Assim nasce um método novo de exegese, conhecido como exegese histórico-critico/gramatical. Eles dizem que é preciso tirar os dogmas e a teologia sistemática, e tentar reconstruir a história e os fatos daquela época, para poder chegar às verdades que estavam por trás dos surgimentos da religião de Israel e do cristianismo. Para que isso possa ocorrer, a principal ferramenta a ser usada é a razão, com outras ferramentas como a crítica bíblica, crítica da forma e a crítica literária. Quero mostrar a definição dessa exegese que Uwe Wegner fez:

“Método histórico-crítico/gramatical, analisa os textos considerando sua gênese e evolução históricas. O método é crítico, pois as evidências apresentadas pelos textos permitem juízos alternativos e, por vezes, até antagônicos, sendo necessário avaliar criteriosamente as várias possibilidades de interpretação”. 5

Vamos desfragmentar para que possamos compreender seu significado melhor. Ele é histórico, porque ele trabalha com fontes históricas, e analisa dentro de uma evolução histórica, tentando mostrar os seus progressos de formação e crescimento, até mostrar sua forma atual. E, também, porque se interessa pelas histórias que geraram essas fontes, nos seus estágios evolutivos. Ele é crítico, pois precisa ter uma série de juízos sobre as fontes de estudo. Porém, o que quero destacar nesse método é duas analises que são conhecidas como Alta-Crítica e Baixa-Crítica:

Ø A baixa-Crítica: Essa é mesma coisa que a Crítica Textual. Sua analise é em restaurar o texto original, tendo como base os manuscritos que foram escritos, que são em volta de 5.000. Com isso usa ferramentas como a Kurt – Aland e a Nestlé – Aland, para o novo testamento. Para o velho testamento usa-se a Sturt Gartensia. Olhando para seus aparatos críticos, e vendo as evidências oferecidas pelas variações. Mostrando as diferenças nos textos que tem essas evidências nos manuscritos. E isso se vê através de símbolos e sinais.
Ø A Alta-Crítica: Essa analise mostra uma avaliação crítica da Bíblia. Não se permanece somente na bíblia, mas vai além, investigando sua autoria, historicidade, datação, integridade, sua forma de composição e estrutura, doutrinas ensinadas, procedências e as idéias envolvidas, dentre outras coisas. Geralmente essa crítica tem entrado em conflito com as doutrinas centrais da fé Cristã, para dar mais base ao cientificismo, modernismo e o racionalismo. Para termos idéia como eles vão além, eles chegam ao ponto de dizerem que Jesus não existiu, e foi inventado pela igreja primitiva. O maior apologista de nossos tempos conhecido como Norman Geisler declara que:

“A alta-crítica pode ser dividida em negativa (destrutiva) e positiva (construtiva). A crítica negativa, como o próprio nome sugere, nega a autencidade de grande parte dos registros bíblicos. Essa abordagem, em geral, emprega uma pressuposição anti-sobrenatural”. 6

Gostaria de salientar, que esse método exegético não é totalmente ruim. Eu faço uso das palavras de Norman Geisler, e digo que o método exegético histórico-crítico/gramatical, pode ser destrutivo quando é usado por um liberal convicto. Todavia, ele pode ser construtivo quando for usado por um evangelicalista convicto.

Nessa parte onde estamos, vou citar alguns pontos do liberalismo teológico, dentre outros que eu já escrevera nesse estudo:

Ø Eles falam que Deus é puro Amor, e não tem padrões morais. Pelo seu amor e paternidade, todos têm filiação divina e nenhum homem tem a separação por causa do pecado. Logo, eles adotam a idéia do universalismo unitário, que é o conceito que todas as pessoas serão salvas, e Deus dará um “jeitinho” até na situação do Diabo. Logo, não existe o inferno, e o pecado é a falta de relacionamento com o Sagrado, e, também, uma questão cultural. É a cultura em que você vive que define o que é pecado e o que não é.
Ø Existe uma centelha divina em cada pessoa. 7 Sendo assim, o homem é bom, ele só precisa de um incentivo para fazer o que é correto.
Ø Jesus não é o Cordeiro Salvador. Quando a bíblia diz que ele é Salvador, está querendo afirma de seu exemplo de vida, de sua proximidade com Deus. Ele não teve concepção e nascimento virginal, não realizou curas e milagres, não teve a morte expiatória e nem ressuscitou dos mortos. Como já falado, eles chegam até negar a existência do Jesus narrado, buscando assim a busca do Jesus Histórico. E conseguem ir mais longe ainda, falando que Ele não passa de um personagem criado pela igreja primitiva.
Ø Todas as religiões nos levam a Deus, o cristianismo só é a forma melhor delas.
Ø A bíblia não é veraz, confiável, inspirada e infalível. Somente ela é uma literatura para os Judeus e Cristãos poderem praticar; e não uma revelação.
Ø As confissões criadas nos concílios, não são essenciais para o Cristianismo. O que faz o Cristianismo são suas experiências religiosas e a sua moralidade.
Ø Eles favorecem o relativismo, negando a verdade absoluta. Com isso a bíblia deixa de ser verdade absoluta. Falam que aqueles que a declaram de verdade absoluta são bibliolátras.

Na contra – capa do livro o Cristianismo e o liberalismo, feito por J.G. Machem, ele escreve algo interessante:

“O liberalismo representa a fé na humanidade, ao passo que o cristianismo representa a fé em Deus. O primeiro, não é sobrenatural, o último é absolutamente sobrenatural. Um é a religião da moralidade pessoal e social, o outro, contudo, é a religião, do socorro divino. Enquanto um tropeça sobre a ‘rocha do escândalo’, o outro defende a singularidade de Jesus Cristo. Um é inimigo da doutrina, ao passo que o outro se gloria nas verdades imutáveis que repousam no próprio caráter e autoridade de Deus”. 8

Só resta fala para esses que não tem como negociar o inegociável, como o próprio Danilo Raphael escreveu. Contudo, eu dou graças a Deus que Ele levantou homens para defender a veracidade da fé cristã e enfrentarem os liberais dizendo que eles estavam afligindo verdades fundamentais do cristianismo, e lançaram “Os Fundamentos”, em doze volumes que defendiam os pontos do cristianismo. E, também, criaram cinco pontos para sua bandeira, a saber:

Ø A inspiração, infalibilidade e inerrância da bíblia das Escrituras. Reagindo contra os ataques do liberalismo que considerava que a bíblia estava cheia de erros de todos os tipos.
Ø A divindade de Cristo. Também negada pelos liberais, que insistiam que Jesus era apenas um homem divinizado.
Ø O nascimento virginal de Cristo e os Milagres. Para o liberalismo, milagres, nunca existiram, eram construções mitológicas da Igreja primitiva.
Ø O sacrifício propiciatório de Cristo. Para os liberais, Cristo havia morrido somente para dar o exemplo, nunca pelos pecados de ninguém.
Ø Sua ressurreição literal e física e seu retorno. Ambas as doutrinas eram negadas pelos liberais, que as consideravam como invenção mitológica da mente criativa dos primeiros cristãos. 9

Não somente esses fundamentalistas, mas, também, houve um grande apologista, considerado o maior do século XX. Que fez uma apologia maestral contra essa teologia (especialmente contra Bultmann). Esse homem é conhecido como C.S.Lewis, e sua apologia é chamada de: “A teologia moderna e a crítica bíblica”. Encerro essa parte com algumas citações desse documento:

“A autoridade de especialistas naquela disciplina é a autoridade em deferência à qual somos solicitados a desistir de um imenso acúmulo de crenças compartilhadas em comum pela igreja primitiva, pelos pais da Igreja, pela Idade Média, pela Reforma Protestante, pelos pregadores de século 19. Quero explicar aqui o que me deixa cético quanto a essa autoridade, ignorantemente cético, conforme muitos diriam após um exame superficial da questão. Mas o ceticismo é o pai da ignorância. É difícil alguém perseverar em um estudo detalhado quando tal estudioso não pode confiar prima facie em seus mestres... Em primeiro lugar, o que quer esses homens possam ser como críticos da Bíblia, desconfio deles como críticos. A mim parece que são fracos quanto a um bom juízo literário, mostrando-se incapazes de perceber a própria qualidade dos textos que examinam... Se tal homem chega e diz que alguma coisa, em um dos evangelhos, é lendária ou romântica, então quero saber quantas lendas e romances ele já leu, o quanto está desenvolvido o seu gosto literário para poder detectar lendas e romances, e não quantos anos ele já passou estudando aquele evangelho... Esses homens pedem-me que eu acredite que eles podem ler entre as linhas dos textos antigos; mas todas as evidências levam-me a notar a óbvia incapacidade deles de lerem (em qualquer sentido digno de discussão) as próprias linhas. Eles afirmam poder ver coisinhas minúsculas, mas não podem ver um elefante a dez metros de distância, em plena luz do dia... Os críticos só falam como apenas como homens; homens obviamente influenciados pelo espírito da época em que cresceram, espírito esse talvez insuficientemente crítico quanto às suas próprias conclusões... Os firmes resultados da erudição moderna, na sua tentativa de descobrir por quais motivos algum livro antigo foi escrito, segundo podemos facilmente concluir, só são ‘firmes’ porque as pessoas que sabiam dos fatos já faleceram, e não podem desdizer o que os críticos asseguram com tanto autoconfiança”. 10


CONCLUSÃO.

Saliento aqui as palavras do Dr. Augustu Nicodemos, ao ser entrevistado pelo ICP (Instituto Cristão de Pesquisas). O liberalismo contribuiu para a teologia de uma forma positiva. Ajudou para o nosso conhecimento acerca do antigo e novo testamento, e para nossa consciência da importância da cosmovisão oriental na formação do mundo dos autores da bíblia, mesmo que eles critiquem os mesmos. Contribuiu para um estudo das religiões do período neotestamentário, como o surgimento do Cristianismo, mesmo que suas conclusões sejam inaceitáveis para estudiosos comprometidos com a veracidade e inerrância da bíblia. Eles ajudaram a teologia indiretamente. Os seus pressupostos de estudos são interessantes, mas sua totalidade é diabólica.

Essa teologia só trouxe propostas para o mundo acadêmico, no entanto, uma verdadeira teologia vai além disso. Uma verdadeira teologia implanta novas igrejas, evangeliza e traz novas almas para Cristo, através da atuação do Espírito Santo. Porém, o liberalismo nunca fez isso, pelo ao contrário, onde ele passa é destruição. O liberalismo não funda novos campos missionários, igrejas, seminários e etc. Mas, espera o quê deles? Já que os mesmo não acreditam na Salvação do Cordeiro e nem na confiabilidade bíblica.

Devemos orar e estudar a palavra de Deus, através da iluminação do Espírito Santo, para podermos nos precaver contra essa teologia que tanto tem destruído e acabado com o povo de Deus. Mas, eu não disse que ela contribuiu? Sim, não nego! Entretanto, faço uso das palavras do Apóstolo Paulo aos Tessalonicenses em sua primeira carta, no capitulo 5 versículo 21: “Examinai tudo. Retende o bem.”. No caso do liberalismo, é o mínimo que podemos reter. O restante devemos jogar fora, para podermos cumprir o versículo 22: “Abstende-vos de toda aparência do mal.”
Maurício Montagnero

NOTAS.


1 GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. Editora: Vida, 1999. Pg 411.

2 BROWN, Colin. Filosofia e Fé Cristã – um esboço desde a Idade Média até o presente. São Paulo: Vida Nova, 2007. Pg 98.

3 BROWN, Colin. Filosofia e Fé Cristã – um esboço desde a Idade Média até o presente. São Paulo: Vida Nova, 2007. Pg 99.

4 http://www.icp.com.br/69materia2.asp , por Danilo Raphael.

5 WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento. Manual de Metodologia. São Leopoldo: Sinodal: São Paulo: Paulus, 1998; Pg 17 e 340.

6 http://www.icp.com.br/69materia2.asp , por Danilo Raphael.

7 http://www.vidanova.com.br/teologia_augu05.html , por Augustu Nicodemus.

8 http://www.icp.com.br/69materia2.asp , por Danilo Raphael.

9 http://www.vidanova.com.br/teologia_augu05.html , por Augustu Nicodemus.

10 http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/teologia_moderna_biblia_lewis.pdf


BIBLIOGRAFIA.

BOICE, James Montgomery. O Alicerce da Autoridade bíblica. Editora: Vida, 1989.

BROWN, Colin. Filosofia e Fé Cristã – um esboço desde a Idade Média até o presente. São Paulo: Vida Nova, 2007.

EVANS, Stephen C. N. Dicionário de Apologética e Filosofia da Religião Editora: Vida, 2002.

GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. Editora: Vida, 1999.

WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento. Manual de Metodologia. São Leopoldo: Sinodal: São Paulo: Paulus, 1998.

Enciclopédia de Filosofia. Sapadix Software.

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